quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Carta

hoje acordei com vontade de escrever uma carta ao meu pai
sim, eu sei que moro com ele, mas sempre que há uma tentativa de conversa acaba sempre em discussão
quero dizer-lhe que queria alguém que me apoiasse nas minhas decisões, que deixasse cometer os meus erros, que deixasse crescer às minhas custas, que me incentivasse a ir à aventura...
mas o que tenho não é nada disso
todo o santo dia oiço um discurso extremamente pessimista, sobre o estado do mundo, a crise global, a crise no país, a grande crise na área para a qual estudo e quem sabe se algum dia irei entrar, os problemas com a família (quer do lado da minha mãe, quer do lado dele), os problemas que isso cria entre os meus pais, os problemas de saúde dele e para terminar o "ele" não saber o que vou fazer com a minha vida, por eu ainda não ter acabado o curso e blá blá blá
é normalmente nesta altura em que desligo o som
ser paciente é algo que raramente consigo ser, principalmente com ele
na sua opinião, quando algo não está como ele quer, ele berra à vontade e esperneia, só não está habituado a que lhe façam o mesmo
estou a atingir o limite e julgo que ele também
sei que o meu feitio não é dos melhores, mas quando estou realmente a ser "sociável" e a mostrar que não sou uma tontinha que se apoia sempre nos outros, chega ele com os seus filmes pessimistas do costume e diz-me que se calhar é melhor não e depois deixa de ouvir o que tenho para dizer
começa a levantar o tom de voz (o famoso dar um aviso) e espera que eu me cale, para ficar todo satisfeito por ter ganho e marcado posição
mas é aqui que a porca torce o rabo
porque eu deixei de me calar
e sempre que oiço o tom do aviso, é como se recebesse um estalo psicológico e quem levanta a voz a seguir sou eu
a partir daqui é para esquecer
num instante começam os gritos e passa a ser feio de se ver
nesta semana aconteceu duas vezes
uma pior que a outra
a primeira foi estúpida e ridícula
discutimos por causa de um nome de um chapéu
(é estúpido eu sei)
o deprimente disto tudo, é que começamos aos berros em pleno centro comercial
a segunda foi ontem
vim toda contente de Portimão, porque alem de me terem ensinado como pôr a funcionar uma coisinha que comprei para o carro, vim ainda mais contente porque encontrei uma hipótese de estagio que realmente poderia ter futuro para andar
a primeira parte da conversa correu bem, mas quando comecei a segunda parte..começou logo a pôr defeitos no sitio
falei da parte do centro de formação que o empreendimento tem, e ele nem ligou
só disse que se aquilo coincidisse com o período de aulas, que eu não ia
se ele não sabe como funcionam as coisas não tem nada de impingir as suas opiniões
fiquei irritada mal ouvi o tom do aviso
opah
não fomos correctos um com o outro, mas por isto ter acontecido ao pé de um vizinho com algum "estatuto", a bronca que houve depois foi ainda maior
chegou a casa, começou a gritar a plenos pulmões
a desbobinar que não tinha nada de falar assim com ele, que se ele quisesse me tirava o carro, que deixava de pagar os meus estudos (o único estudo que ele paga é um curso de inglês que ele teimou queria que o tirasse, a universidade é a minha mãe quem paga...mas é óbvio que ele não se lembrou disso), depois disso eu logo me "desemerdava" sozinha
ah e o grande final, se voltasse a falar assim com ele, que me "partia os cornos"
e assim foi o meu magnifico fim de tarde
se me apanho com algum dinheiro a sério...
desapareço daqui..
entretanto vou adoptar o voto de silêncio...
talvez me ajude a aguentar melhor
fazer o que tenho a fazer mas ser como um fantasma

Sem comentários:

Enviar um comentário